A Compostela


Fonte: AACS – Viana do Castelo

A Compostela

Desde que a peregrinação ao túmulo do Apóstolo Santiago se institucionalizou, surgiu a necessidade de provar que determinado peregrino tinha cumprido o seu caminho e chegado a Santiago de Compostela. Primeiro utilizaram-se as insígnias que se adquiriam únicamente em Santiago de Compostela: a concha de vieira. Facilmente se deduz que era facil de falsificar esse certificado rudimentar. Falsificação que efetivamente se dava depois de vendidas na entrada da cidade, obrigando os bispos de Compostela e do próprio Papa a decretar penas de excomunhão contra os falsificadores. Mais tarde e mais eficazes, as insignias foram substituidas pelas denominadas cartas probatórias que passaram a ser emitidas a partir do século XIII. Estas cartas são a origem directa do actual certificado oficial, a Compostela.



Com o surgimento dos veículos a motor e a massificação do turismo, significou uma certa crise para a peregrinação. Temia-se que o esforço e o sacrifício para a libertação dos pecados que até ao momento era uma das razões principais e significado da peregrinação a pé, passara a ser uma atividade agradável e divertida de férias. O cabido da Igreja Metropolitana de Santiago continuou a emitir o certificado e, em tempos modernos, o prémio de obter a "Compostela" limita-se a quem visita o túmulo do Apóstolo por motivo religioso e/ou espiritual, e seguindo as rotas de peregrinação do Caminho de Santiago a pé, de bicicleta ou a cavalo. Para isso exige-se ao peregrino ter percorrido pelo menos os últimos 100 km a pé ou a cavalo, ou mesmo os últimos 200 km de bicicleta, o que será demonstrado pela evidência da "credencial do peregrino" devidamente carimbada ao longo da percurso percorrido. Estão excluídos outros meios de locomoção para aceder à Compostela, excepto no caso das pessoas com deficiência.

Para obter a "Compostela" deve-se:
  • Fazer a peregrinação por motivos religiosos ou espirituais, ou pelo menos com atitude de busca.
  • Fazer a pé ou a cavalo os últimos 100 km, ou os últimos 200 km se for em bicicleta. Entende-se que a peregrinação começa num local e desde ai se vai para visitar o túmulo de Santiago.
  • Na "Credencial do Peregrino", deve-se coleccionar os carimbos das localidades por onde se vai passando. Dá-se preferência aos carimbos das igrejas, albergues, mosteiros, catedrais, e todos os lugares relacionados com o Caminho, mas na ausência destes, também pode-se coleccionar carimbos de outras instituições, tais como associações jacobeias, câmara municipais, juntas de freguesia, cafés, etc. A Credencial deve ser carimbada duas vezes por dia.
O Caminho por etapas:
Pode-se fazer o Caminho por etapas, desde que sejam ordenados cronologicamente e geograficamente. No entanto, se for feito somente a distância mínima exigida (últimos 100 km ou 200 km), deve-se carimbar no início e no final de cada etapa, incluindo a data correspondente, de forma que se veja que o peregrino retomou o Caminho no mesmo lugar onde ele tinha deixado. Ou seja, ele deve obter sempre a data no local onde começa, no mesmo local onde terminou a etapa anterior.
Crianças e peregrinação
As crianças que fizerem a peregrinação com os pais ou em grupos, e que já possam receber o Sacramento da Comunhão ou que tenham a capacidade de compreender o que significa a natureza espiritual ou religiosa do Caminho, podem receber a Compostela.
Caso as crianças não sejam suficientemente crescidas por causa da sua idade, recebem um certificado especial com os seus nomes. No caso de bebés ou de meninos muito pequenos, os seus nomes são incluídos na Compostela dos seus pais ou do adulto acompanhante.
A tradução da Compostela em português lê-se:
"O cabido desta Santa Apostólica e Metropolitana Igreja Catedral Compostelana custódio/guarda do carimbo do Altar de Santiago apóstolo, a todos os fiéis e peregrinos que chegam de qualquer lugar do Mundo da Terra com atitude de devoção ou por causa de voto ou promessa peregrinem ao Túmulo do Apóstolo, nosso patrono e protector das Espanhas, acredita a todos os que observem este documento: D. ....(nome do peregrino)........... visitou devotamente este sacratíssimo templo com sentido cristão (pietatis causa). Em fé do qual entrego o presente documento contendo o carimbo desta mesma Santa Igreja. Dado em Santiago de Compostela no dia ........ mês .......... ano do Senhor.................. . O Cónego deputado para os peregrinos.”
A Compostela "In Memoriam"
A oficina do peregrino criou um documento que se denomina por “In memoriam” que é uma lembrança para as familias daqueles que tenham falecido no Caminho e que não poderam receber a Compostela. Até hoje, poucos documentos deste tipo foram emitidos.

Fonte: AACS – Viana do Castelo


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